quinta-feira, 25 de março de 2010

Mulata

Mulata da cor do pecado
Da cor do chocolate
De gosto adocicado
De beleza medida em quilate

Mulata da pele morena
Da boca pequena
Que eu quero beijar
Como és doce teu olhar

Mulata quero teu sabor
Da fruta do amor
Quero comer
E na tua boca derreter

Mulata teu samba
Vem de casa de bamba
Vem de todos carnavais
Vem de pecados carnais

Lado a Lado

Arroz com feijão
Ódio e paixão
A distância e saudade
A bondade e a maldade
Sexo e tesão
Manteiga com pão
Julieta e Romeu
Carro e pneu
Ferias com viagem
Piu-Piu com frajola
Pedinte e a esmola
Goiabada com queijo
Boca com beijo
A paz e a guerra
A vida na terra
A mãe com o filho
O curau de milho
Churrasco e sal grosso
O cachorro com o osso
A galinha na canja
Emo com franja
Céu com deus
Os erros meus
Tempo e destino
A menina e o menino
O soutien e os seios
Os fins e os meios
O um e o dois
O deixar pra depois
O futebol com a bola
A criança na escola
A esperança no amanhã
A segunda-feira de manhã
A morte com dor
O cheiro da flor
Um dedo de prosa
O perfume da rosa
Grandes negócios pequenos empresários
Os grandes espertos e os pequenos otários
A propaganda e o negocio
O cansaço e o ócio
O esquilo e a noz
O som da sua voz
A experiência com a idade
A verdadeira falsidade
A bunda e a celulite
O pó e a renite
A mosca na sopa
De vento em popa
O sol com a chuva
O casamento da viúva
Discoteca e os anos oitenta
O rock nos anos sessenta
O seu e o meu
O tu e o eu
O par perfeito
O fazer do seu jeito
O fim do princípio
O baixo precipício
A dúvida e a certeza
A pobreza e a riqueza

Porta

Porta que me importa
Se tu és torta
Feita de madeira morta
Porta aberta que me transporta para mundos distantes
que nunca foram explorados antes.
Mostre para mim porta porque estais fechada. O que esconde do outro lado?
Porque através da sua fechadura posso ver a ferradura do cavalo alado
Porta que me fecha a oportunidade
mas do outro lado aberta para a felicidade.
Porta, portinha, portão. Não importa seu tamanho.
Sempre será aquele que nos dá passagem para o coração da pessoa amada
se não estiver de porta trancada.
Porta que bato errada na casa desejada.
Porta que alguém abre para ver a face indesejada.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Para uma amiga.


Simplesmente menina
Amada a todo instante
Mulher que fascina
Até o coração mais distante
Neste momento sou pedinte
Tira de nós a ilusão
Hoje serás nossa ouvinte
Amanhã ouviremos a tua canção

Logra da vida absoluta
Ouvinte nas horas difíceis
Prepara-te para a luta
Existe em ti a força da terra
Sempre preparada para a guerra

Serás para sempre amiga
Ignorando nossa raça
Levando sempre a sua graça
Vive a vida com todo furor
Aos que aproximam só tens amor

Brilha, brilha estrelinha
Irradia a todos tua luz
Acende em nós a esperança
Na noite em que avança
Clareando escuros montes
Horizontes mais distantes
Infinitos até onde a vista alcança

Sonhando um pesadelo




































Esta noite sonhei que estava sonhando.
Em meu sonho sonhado tive um pesadelo.
Demônios corriam para me açoitar.
Em desespero gritei teu nome para vir me ajudar.
E acordar-me de meu sonho sonhado.
Em sonho olhei ao lado nada vi para me alegrar.
Em meu sonho virei e continuei deitado.
Acordei para a vida real de meu sonho sonhado.
Mas nem em sonho tu vieste me auxiliar

Brincando com nomes

Essa mantha que aquece o frio
Do revólver de cabo cor madressilva
Deitado ao lado d'uma garrafa de champagne bianchi


Foi apenas um ensejo, casta
Da melhor garrafa do nada aparecida
Derramo seu liquido em meu copo a 'Szpumar


Sento defronte ao mar, celo que vejo ao lado
Que sempre carrego e gosto de levar
Neste jogo sou zap então posso gritar.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Preciso de um tempo

Preciso de um tempo.
Mas a quem pedirei este tempo que preciso?

Pedirei aos meus amigos?
Não posso. Aos meus amigos devo dar um pouco do meu tempo para curtir a alegria de sermos amigos há tanto tempo. E não para preencher minha falta de tempo.

Pedirei ao amor?
Mas este tempo irá fazer crescer ou preciso de um tempo para saber a falta que me faz.

Não posso pedir tempo aos amigos nem ao amor. Não existe amizade sem amor, não existe amor sem amizade. Tudo ao seu tempo.

Pedirei então ao relógio?
O relógio não me daria. Pois seu tempo é contado em cada precioso segundo de sua vida.

Mas para que preciso deste tempo?
Neste tempo que vou me dar posso não conhecer um novo amigo a tempo.
Pode uma porta se fechar porque passei tempo demais para ver que ela estava aberta.
Não sei a quem pedir o tempo e nem para que preciso do tempo.
Então corri. Fui atrás do tempo que precisava e não sabia o porquê.
Subi montanhas, nadei em oceanos, voei para os confins do universo. Não encontrei o tempo que precisava. Só perdia meu tempo.
Em minha viagem de volta encontrei um senhor. Parecia-me muito velho, parecia ter passado muito tempo desde sua chegada, sua barba branca era muito longa e seus cabelos grisalhos como a lua e sua pele cor de terra vermelha. A ele perguntei. Onde posso encontrar o tempo que preciso?
Ele me olhou. Em seus olhos vi novamente o universo. As estrelas que brilhavam aqui na terra ha muito tempo estavam apagadas.
Ele me respondeu:
                              -Procuras o tempo no lugar errado. Procure pelo tempo dentro de ti. A vida lhe deu todo o tempo que precisa. Nesta vida aproveite seu tempo para dar alegria a quem tem tristeza, amizade a quem só tem inimigo, companhia a quem tem solidão, amor a quem tem ódio, luz a quem está nas trevas
Não de tempo para um amigo. Pois dele irás esquecer.
Não de tempo a quem ama. Pois o amor vai morrer.
Não de tempo a si mesmo. Pois em vida irás morrer. E morrer em vida te causará a dor do tempo perdido. O tempo que perdestes a procura não voltará mais. Cada segundo que perdeste dando um tempo. Foi um segundo que não sorriu.
Voltei ao começo de minha partida e percebi o quanto perdi.
Perdi o amor de quem me amava.
Perdi a porta da felicidade que se fechou.
Perdi o sorriso de um amigo que não mais verei.
O tempo que perdi procurando pelo tempo que eu não tinha não voltará. Cada segundo perdido agora é passado. Cada segundo que perdi fiquei um segundo mais velho. Sei que não posso ter o tempo que perdi de volta. Mas descobri que tenho todo o tempo que preciso para fazer de minha vida um novo tempo de alegria.

terça-feira, 16 de março de 2010

Viagem


Já não tenho mais tanto gostar
Ontem desisti de tentar
Calar não é mais preciso
Agora não estou mais indeciso.
Só neste momento percebo
Tanto amor dedicado em vão
Aquela que me roubou o chão

Agora serei um andarilho faminto
Partirei para outros mundos
A beber deste absinto
Regozijarei de amores fecundos
Eternamente serei feliz
Capaz de amar sem ser amado
Irei a uma viagem sem volta
Dominar este coração indomado
Ao mundo que me revolta

Sei que talvez não encontre
Zênite do amor que procuro
Plenitude que não existe
Ungüento para o amor obscuro
Nestas minhas andanças
Agora sei que não quero
Recriar falsas esperanças

sábado, 13 de março de 2010

Poema de Adeus

Este será um poema de adeus
Começo despedindo dos sonhos meus
Esquecerei meus olhos nos teus
Esquecerei meus lábios nos seus

Colocarei uma nova roupagem
Começarei uma nova viagem
Verei uma nova paisagem
Cansei de tanta camuflagem

Encontrarei um novo amor
Na pétala de uma rosa
No perfume de uma flor
Que ao toque seja carinhosa

No teatro da vida
Eu fecho a cortina
Fecho os olhos pra você menina
Aqui o nosso show termina.

Adeus a esta louca paixão
Pura ilusão de minh’alma
Chega desta lassidão
Que me deixou sem viv’alma

Cansei do amor não correspondido
E dos dias sofridos...
Vou nesta viagem viver um novo amanhecer...
Vou nesta viagem deixar-te morrer

Precisar de Alguém

Quando precisar de alguém para sorrir. Me chame que sorriremos juntos.
Quando precisar de alguém para cantar. Me chame que cantarei com você.
Quando precisar de alguém para conversar. Me chame que iremos conversar sobre qualquer besteira que nos faça sentir bem.
Quando precisar de alguém para ficar em silencio. Me chame que ficarei ao seu lado.
Quando precisar de alguém para ir ao parque. Me chame e iremos correndo de mãos dadas feito dois bobos.
Quando precisar de alguém para assistir um filme. Me chame que assistiremos lado a lado.
Quando precisar de alguém para bater em quem te machucou. Me chame iremos juntos descontar a sua fúria.
Quando precisar de alguém para amar. Me chame pois te amarei incondicionalmente.
Quando precisar de um amigo para te dizer verdades. Me chame, amigos verdadeiros não mentem.
Quando precisar de alguém para chorar. me chame que chorarei com você.
Quando precisar de alguém e não souber onde me encontrar procure no brilho da lua , roube uma estrela do céu , no sorriso de uma criança, grite aos ventos o meu nome.
Se a lua perder o brilho saberei que precisa de mim.
Se eu contar as estrelas do céu e estiver faltando uma, saberei que precisa de mim.
Se a criança que ontem sorria hoje chora. Saberei que precisa de mim.
Se eu escutar meu nome e não souber de onde. São os ventos que me avisam que tu me chamas, então saberei que precisas de mim.
Mas se um dia precisar de alguém e me chamar e eu não for. Venha ao meu encontro, pois eu estarei precisando de ti.

Te odeio em todas as línguas


* Albanian - Të urrej
* Arabic – Akrahuka (masculine) or Akrahuki (feminine)
* Armenian – Es qez atumem
* Bosnian – Mrzim te
* Bulgarian - Мразя те - Mrazia te
* Catalan – Et odi
* Chinese – Wo hen ni (written 我恨你)
* Croatian – Mrzim te
* Czech - Nenávidím tě
* Danish – Jeg hader dig
* Dutch – Ik haat je or Ik haat u
* Estonian - Ma vihkan sind
* Fillipino – Hindi kita mhal
* Finnish – Minä vihaan sinua
* French – Je vous deteste
* Galician - Ódiote
* German – Ich hasse Sie
* Greek – Σε μισώ (pronounced: Se miso)
* Hindi – Mujhe tumse nafrat hai (pronunciation only)
* Hungarian – Utállak
* Icelandic - Ég hata þig
* Indonesian – Aku benci kamu
* Italian – Io ti odio
* Japanese – Shiijei-dono, or, Anta no daikirai
* Korean – 나는 당신을 미워합니다 (per online translators)
* Latin – Ego contemno vos
* Latvian - Es ienīstu tevi
* Lithuanian - Aš tavęs nekenčiu
* Malay – Aku benci kamu
* Maltese - Nobogħdok
* Montenegrian – Mrzim te
* Norwegian – Jeg hater De
* Pig Latin – Ie atehe ouye
* Polish – Nienawidze Cie
* Portugese – Odeio você, or, Eu te odeio
* Romanian – Te urasc
* Russian – Ya tebya nenavizhu
* Serbian - Мрзим те – Mrzim te
* Slovak - Nenávidím ťa
* Slovenian - Sovražim te
* Spanish – Te odio
* Swedish – Jag hatar dig
* Tamil – Nan unai verukuren (pronunciation only)
* Thai – Chan Kleard Khun (in general, see comments below for more information)
* Turkish – Senden nefret ediyorum
* Ukrainian - Я вас ненавиджу – Ya tebe nenavydzhu or Ya vas nenavydzhu
* Vietnamese - Tôi ghét bạn
* Welsh – Casâ “ch

Quando o amor acaba


É ruim quando o amor acaba depois de tantos anos juntos.
Dos sonhos vividos juntos.
Dos sonhos que transformamos em realidade juntos.
Nas festas quando íamos juntos as pessoas nos olhavam e achavam o máximo nosso jeito de dançar, desengonçados. Mas achavam bonito, pois fazíamos isso juntos.
No parque quando estávamos juntos tudo era lindo. Lembra daquela vez que demos comida aos pássaros sentados na grama? Foi tão bonito. Só nos dois... Juntos.
Lembra da primeira vez que transamos? Foi tão bom. Tinha um romance nascendo. Tinha cheiro de amor no ar.
Todas as nossas conquistas foram eu e você que conquistamos. Íamos para as baladas sempre abraçadinhos, tão apertadinhos que nada passava entre nós. Gravamos nossos nomes nas árvores e fizemos juras de amor eterno... Mas nada é eterno...
Quando o amor acaba, começa a aparecer os sintomas.
Nossos sonhos são divididos. Não sonhamos mais os mesmos sonhos.
Nossas conquistas teremos que dividir.
No parque já fui sozinho dar comida aos pássaros.
Nossa transa não e mais a mesma, simplesmente transamos para satisfazer as necessidades da carne.
Aquele brilho que tinha quando dançávamos nossa dança desengonçada hoje não temos mais.
Lembra de como sussurrávamos para conversar? Eu entendia cada palavra do que você dizia. Hoje temos que falar mais alto para se fazer entender. Isso porque antes nossos corações eram tão próximos que podíamos pensar que nos fazíamos ser ouvidos. Hoje nossos corações estão distantes. Não mais nos ouve tão bem.
Eu assumo toda a culpa. Deixei o amor escorrer entre meus dedos como areia fina da praia.
É chegada a hora de partir, de dizer chega. Não podemos levar esta vida dividida.
Não quero nada. Pode ficar com tudo.
Nossas conquistam eram nossas. Hoje serão só suas.
Nossos sonhos eram nossos. Hoje serão só seus.
Não sei se tu irás sofrer ou não. Não sei dizer se eu vou sofrer. Mas pra ti pouco importarás meu sofrimento. Talvez não sofras tanto quanto penso, seu coração pode ter percebido o que esta acontecendo. A tudo isso só posso te pedir perdão.
Perdoe-me por derrubar nosso castelo que construímos colocando pedra sobre pedra.
Perdoe-me por não pensar no pequeno amor que do nosso nasceu.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Eu me odeio ...


Eu me odeio por sentir saudades suas.
Eu me odeio por ter gostado de você.
Eu me odeio por ter deixado me levar por você.
Eu me odeio por ter sentido seus beijos.
Eu me odeio por não conseguir te desprezar.
Eu me odeio por pensar em você a cada instante.
Eu me odeio por sentir sua falta mesmo quando estou com você.
Eu me odeio por ter vontade de escrever quando penso em você.
Eu me odeio por querer ouvir sua voz.
Eu me odeio por querer telefonar pra você só para ouvir a sua voz.
Eu me odeio por gostar de te abraçar.
Eu me odeio por gostar do seu andar.
Eu me odeio por gostar do seu jeito de menina sapeca.
Eu me odeio por gostar do seu sorriso.
Eu me odeio por me perder em seus olhos.
Eu me odeio por deixar você ter a mim a hora que quiser.
Eu me odeio por gostar do jeito que você me olha.
Eu me odeio por tentar te conquistar.
Eu me odeio por escrever poemas pra você.
Eu me odeio por ver que você não gosta de mim.
Eu me odeio porque mesmo assim eu não deixo de gostar de você.
Eu me odeio porque tudo que fiz foi por você.
Eu me odeio porque tudo que eu quis foi você.
Eu me odeio por ser um burro por tentar.
Eu me odeio por ser um burro por acreditar.
Eu me odeio por acreditar que amanhã você virá me procurar.
Eu me odeio por acreditar em suas palavras.
Eu me odeio por não conseguir dizer não a você.
Eu me odeio por viver esta ilusão.
Eu me odeio por não conseguir te odiar.
Eu me odeio por ter que me odiar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Apenas uma calçada

Calçada com seu jeito matreiro que vive só a espiar a vida alheia. Calçada de pedra fria que a chuva judia, mas lava a sujeira deixada por quem passa.
Calçada que de perto viu a morte vinda do tiro que não sabe de onde, sentiu o gosto do sangue de quem caiu em suas entranhas.
Sempre rindo da desgraça alheia, por isso tu és pisada com pés descalços ou pela mulher calçada em seu sapato de fino salto que fura a ti como tu vistes furar o marido da mulher que o traía pelo amante que nada amava.
Sentiu o gosto amargo das lágrimas dos casais de namorados que brigam por qualquer coisa que passa.
Calçada sem vergonha que olha por baixo da saia da loirinha que passa vendo sua calcinha de renda vermelha ou será que é vermelha do sangue que escorre de entre suas pernas.
Calçada reluzente de concreto duro que sina tu tens, ver tudo e nada poder contar.
Mas será que tu vês só desgraças, não vês a alegria daquela criança que corre por cima de ti só para abraçar o irmão que chegou da escola. Mas sei que vês também aquela menina que outrora chorava de tristeza hoje chora de alegria por ter reencontrado o sentido de sua vida.
Vês aquela senhora que de mãos dadas com seu senhor fazem juras de amor eterno mesmo com tantos anos idos.
Calçada maldita que sabes os segredos de quem passa, já vistes de tudo na sua medíocre vida.
Se tu pudesses falar, falaria ao mundo os podres que tu sabes ou contaria ao mundo as alegrias que sentiu.
Calçada insana de pedra fria como o inverno, sentes o frio do vento que por cima de ti assopra tirando a poeira sobre ti. Mas sentes também o calor do corpo de alguém que por cima de ti dormes porque não tem uma cama onde viver. Pobre calcada que só lembram-se de ti quando precisam. Colocam por cima de ti cadeiras para sentarmos com nossas bundas imundas e beber em cima de ti a cerveja que nos trazem para amenizar dor por alguém que perdemos ou para contar aos amigos da nossa transa de outrora.
Calçada vadia tu és estuprada pelos postes que penetram a sua imaculada pele de concreto sem tua permissão.
Calçada tu és feliz e não sabes. Sei que vou morrer um dia e tu irás rir de minha desgraça. Mas seguirás com a sua vida fútil de segredos sabidos e de alegrias cantadas. Tu morrerás pelas mãos dos homens que um dia te deram a vida. E tu morrerás sem saber de mais nada.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Memórias Póstumas de um Louco Renascido

Sentado no pé da poltrona da praça de seu jardim um louco a tudo observava com seus ouvidos sonolentos.
Era uma noite ensolarada onde a chuva subia torrencialmente.
Ao longe no horizonte próximo de ti estava sentado em pé um cego que lia as notícias diárias do dia seguinte em seu jornal mensal, uma das notícias que chama a atenção desatenta era “Bomba não explode em cemitério. Mais de vinte mil corpos encontrados”.
Subindo ladeira abaixo próxima à porta dos fundos da frente de sua casa os surdos ouviam alegremente o som da orquestra tocada por um violinista maneta e logo ao fundo em frente ouvia-se o belo coral de mudos cantando as notas baixas de um clássico rock tenor.
Um pescador velejando em seu caminhão usava seu varal de pesca para pescar lindos peixes roupas de todas as formas, peixes-calça, peixes-sapato e um lindo e grande feioso peixe-lençol.
Mais a frente na rua em que descemos na subida íngreme está um senhor careca com seus lindos cabelos longos sendo esvoaçados pelo forte vento da brisa marinha do lago ao lado.
Em sua bicicleta sem rodas o velocista corria vagarosamente para alcançar o carro parado na esquina da curva onde o atropelamento da formiga causava alvoroço acalmando os transeuntes parados que passavam alegremente calçados com suas luvas, pois o frio daquela noite estava muito quente.
Um grupo de pessoas nuas caminhava parada com as mãos nos bolsos observando um bando de cotias que piavam empoleiradas nos fios dos árvores.
E no letreiro luminosamente apagado da estação de rádio lia-se “Hoje o filme: A volta dos que não foram. Não perca.”
É com estas memórias esquecidas que este louco se despede da morte que passou pela vida renascida gritando aos cinco cantos do mundo redondamente quadrado: “Prefiro morrer mil vezes a perder esta vida”

É chegada a morte

Cada calçada que pisei
Sei que hoje não pisarei
Cada pessoa que beijei
Sei que hoje não mais beijarei

Aquele livro que eu gosto de ler
Ficará ali para sempre escondido
Aquele poema que não terminei de escrever
Ficará lá, no pó, perdido

Morte que eu tenho medo de encontrar
Morte que um dia virá me beijar
E com seu beijo para longe irá me levar
Pr’algum lugar que ninguém poderá me salvar

Morte, eu te detesto.
Queres de mim a vida tirar
Para eu não mais poder amar
Tires então com um simples gesto

Morte que não sei quando irás chegar
Mas te peço que não faças com dor
Não me deixe em qualquer lugar
Não me deixe ficar sem o amor

Fui sempre amante da vida
Amei-a de toda forma
Da mais odiada a mais querida
E hoje tudo se deforma

Do mais longínquo mundo
Sei que virás ao meu encontro.
Não há meios de poupar este pobre vagabundo?
Quiçá um desencontro?

Que venha então em seu mais belo vestido
Com seus cabelos louros contra o céu
Deixarás um coração partido
Com seu beijo mais doce que o mel

terça-feira, 9 de março de 2010

Deixar de gostar de você

Não vou deixar de gostar de você não posso, não quero, não tenho controle sobre meus sentimentos.
Você pode gritar, espernear quando eu quiser te abraçar que eu não vou deixar de gostar de você.
Não vou deixar de gostar de você se você não entender o que eu digo ou se entender errado ou se simplesmente não quiser entender.
Pode lançar seus raios sobre mim, me odiar que eu não vou deixar de gostar de você.
Gosto do seu jeito de menina. Gosto do sabor do seu beijo. Da sua boca que me fascina. Gosto deste teu olhar sapeca. Gosto quando você diz que me odeia. Gosto quando você diz “que raiva de você”. Gosto do seu sorriso sem jeito. Gosto de ver você negar que gosta de mim. Gosto de você quando você chora por qualquer besteira.
Você pode usar sua roupa mais feia e que me faça rir e mesmo assim eu vou gostar de você.
Você pode brigar comigo, me humilhar que eu me escondo e chorarei a noite inteira e mesmo assim eu vou gostar de você.
Deixar de gostar de você seria como não gostar de um chocolate quente em uma noite fria.
Deixar de gostar de você seria como não gostar de ouvir os pássaros cantar.
Deixar de gostar de você seria como não gostar de dormir agarradinho feito conchinha.
Deixar de gostar de você seria como não gostar de ver o sol brilhar.
Deixar de gostar de você seria como não gostar da lua cheia em uma noite estrelada.
Deixar de gostar de você seria como não gostar de um beijo apaixonado.
Eu não vou deixar de gostar de você mesmo que você me negue um carinho. Que seu sorriso se abra quando eu for embora. Nesta viagem sem volta vou ouvir a musica que me faz lembrar de você, vou chorar pelos sonhos que não sonhamos juntos, pelos caminhos que não passamos juntos, pelas noites que não dormimos juntos, pelas não vezes que eu disse que te amo ao seu ouvido, pela dor que me causa a saudade... E mesmo assim não deixarei de gostar de você.

Só em meu canto

Estou só no canto de um mundo redondo, mas se é redondo não tem canto??!

Estou só então no meu coração? Naquele cantinho, bem lá no fundo onde ninguém pode me encontrar?
Ninguém pode me encontrar porque eu não deixo ninguém entrar, tranquei a porta e joguei a chave fora.
Ops!... Joguei fora? Onde? Não me lembro... mas se eu estou só no meu canto, como posso ter jogado a chave fora?
Vou olhar para trás... Quem sabe eu não vejo por onde...
Ah! ... Logo ali tem uma janelinha foi por ali... É dali quem vem à luz. Engraçado. Eu nunca tinha visto... Uma luz fraca que ilumina meu canto escuro. Nunca tinha reparado... Não é tão escuro... Eram meus olhos que estavam fechados...
Bom... Posso olhar por ela e pedir para alguém jogar a chave e eu abrir a porta novamente.
Mas não. Tenho medo. Medo do que eu possa encontrar de novo, medo de querer me fechar de novo. Acho melhor deixar como está, não preciso que ninguém jogue a chave.
Não preciso compartilhar minha felicidade, sou feliz em meu canto. Feliz? Mas como posso ser feliz sozinha sem ninguém para saber? Preciso contar pra alguém como sou feliz em meu canto... Ah! ... Não posso sair ... A porta está trancada... Bem! Vou pedir para alguém jogar a chave aqui pra dentro ... Ué. Não vejo a chave, onde ela caiu? Quanta gente passando, parecem felizes. Será que s'eu gritar vão me ouvir? Grito!... Um grito de socorro, desespero... Não agüento mais ficar só em meu canto... Onde está a chave? Não a vejo. Tanta gente passando... Será que alguém pegou? ... (silencio) ... Ninguém me ouve... Nenhuma resposta, ouço apenas o som da minha respiração... Engraçado... Não ouço o meu coração ... Ah! ... Eu me tranquei dentro dele ... Não posso ouvir suas batidas do lado de dentro ... Na verdade eu nunca ouvi... Só conheço a batida do coração porque já ouvi um coração batendo junto ao meu ouvido ... Era bom ... O som me levava ao paraíso, eu voava, voava tão alto que tudo estava pequeno, eu era grande, era feliz e sabia voar... Eu voava por um mundo que não tem cantos onde eu possa me esconder... Mas ouvia os cantos dos pássaros, tão puro e sereno... Sim! Eu era feliz...

Como posso sair daqui? Ouço passos... Será que alguém achou a chave e veio abrir a porta? Ouviu meus gritos? Sim... Parece que sim ... Alguém que não saberia de quem era aquela chave ... Mas procurou seu dono...

A porta se abre... Vejo uma pessoa empurrando a porta, com força, a porta ficou trancada muito tempo, está enferrujada... Não quer abrir... Mas vejo uma luz atravessando a porta e da luz eu vejo a sombra... Corro para junto da porta e pergunto quem é? Quem é que quer entrar em meu mundo? Quem é que quer compartilhar da minha felicidade? Ouço uma voz, tão linda, tão serena... Parece um canto mágico quando fala. Pergunto seu nome. Ele me diz que se chama Amor.
...
Amor? Não conheço ninguém com este nome... Como você tem esta chave?
Encontrei jogada na rua... Estava suja, nela tinha um nome escrito... "Tristeza", procurei por todos os cantos do mundo ... Mas o mundo é redondo .. Não tem canto... Procurei então nos corações das pessoas .... E encontrei você. Você é a única que está assim, trancada em um canto escuro... Sinto sua tristeza... Vejo que você já teve um amor na sua vida... Mas quando perdeu se trancou e jogou a chave fora. Sim. Eu sei ... É bom se trancar... Mas nunca jogar a chave fora ... Tranque a porta ... Mas guarde a chave ... E quando alguém pedir, você joga pela janelinha e a deixe entrar e de mãos dadas vocês saem para passear, rir como se fossem duas crianças, dançar até o corpo doer e depois dormir abraçadinhos para o corpo descansar...

Olha ... Eu tenho um amigo chamado Tempo, e outro chamado Destino, eles andam juntos comigo. O Tempo sempre sério faz com que as pessoas passem a pensar racionalmente e me esquecer. O Destino vive nos pregando peças. E eu tenho que apaziguar os dois com muito amor para que eles não briguem...

Amar é bom... Não faz mal... Eu sei que não sou eterno... Vou e volto nos mais variados tempos , causando problemas nos destinos... Mas o Tempo sempre nos traz um novo amor, e o Destino nem sempre deixa ser no Tempo certo... Mas não tem problema... O Tempo nos cura e nos joga pra frente...

Tome.. Pegue sua chave... vi que você ainda não está preparada para amar... Mas não a jogue fora novamente ... Olhe ao seu redor, sorria, seja feliz ... Jogue a chave para aquela pessoa ao seu lado... A sua frente... Quando pegar deixe-a abrir a porta ...

Mas cuidado ... O Destino pode te trazer alguém ... Mas no Tempo errado... Então espere , mas seja feliz... Não se prive de ver o sorriso dos outros, o sorriso dos amantes, o sorriso daqueles que riem por qualquer besteira ... E quem sabe um destes sorrisos não seja pra você... E dá próxima vez que nos encontrarmos o nome na sua chave será "Felicidade".

Menina Sapeca

Onde está aquela menina que eu via nestes olhos?
Parece que fugiu para longe novamente
Menina sapeca que brincamos agarradinhos
Mas será sempre a menina que amarei respeitosamente

Menina sapeca que brincava de esconde-esconde
Que brincava com seus chocalhos lá no horizonte
Menina que a brincadeira corresponde
Brincando sempre l'atrás do monte

Menina que brinca na chuva de verão
Que corre, que pula, que dança
Pulando de poça em poça só para tirar a água do chão
Fez de mim sentir também uma criança

Menina que um dia esteve ao meu lado
Com seu jeito sapeca de moleca arteira
Mas eu com meu jeito de moço vi tudo errado
Não percebia que era apenas brincadeira

Menina sapeca... Carinha de boneca
Fez-me junto de ti me sentir apaixonado
Queria com você dormir uma soneca
Só para acordar e te ver ao meu lado

Menina que um dia já foi criança
Vem de novo comigo naquela dança
Trouxe-me de novo a esperança
E hoje guardo tudo na lembrança

sexta-feira, 5 de março de 2010

Meu coração de pedra-sabão

Ah! Meu pobre coração
Não sabes do que feito?
Tu és feito de pedra-sabão
Viu porque tu não te apaixonas direito?

Este meu coração de pedra-sabão
Apaixona-se de cima abaixo
Não aquento mais tanta paixão
Por favor, coração, aquiete seu faixo

Tu és um coração sadio
Tão forte como de um touro
Mas és também escorregadio
Porque não te contentas com um só tesouro?

Pobre coração de pedra-sabão
Um dia você vai se machucar
Vai ser tanta paixão
Que não vai ter onde colocar

Você quer a todas conquistar
Mas tu bem sabes que não consegue
Não aquento mais este pesar
Pare! Antes que meu corpo se entregue

Menina no Canto

Menina em teu escuro canto
Não sabe que a mim encanta?
És a musa do meu canto
Com a sua beleza que me espanta

Menina que um dia mulher serás
Amada em todos os cantos
Pela beleza que seu eu terás
Pois és única no meio de tantos

Menina deixe eu te amar
Pois precisas de teu canto se afastar
Venha, eu sei que de ti posso cuidar
Mas para isso você tem que deixar

Menina mulher de minhas inspirações
Venha a mim com vossa beleza
Colocar seu canto em minhas canções
E mandar embora esta tristeza

Ah! Como eu queria para sempre te odiar
E em seu canto te deixar a sofrer
Mas isso sabes que posso adiar
Pois a isso prefiro morrer