Sentado no pé da poltrona da praça de seu jardim um louco a tudo observava com seus ouvidos sonolentos.
Era uma noite ensolarada onde a chuva subia torrencialmente.
Ao longe no horizonte próximo de ti estava sentado em pé um cego que lia as notícias diárias do dia seguinte em seu jornal mensal, uma das notícias que chama a atenção desatenta era “Bomba não explode em cemitério. Mais de vinte mil corpos encontrados”.
Subindo ladeira abaixo próxima à porta dos fundos da frente de sua casa os surdos ouviam alegremente o som da orquestra tocada por um violinista maneta e logo ao fundo em frente ouvia-se o belo coral de mudos cantando as notas baixas de um clássico rock tenor.
Um pescador velejando em seu caminhão usava seu varal de pesca para pescar lindos peixes roupas de todas as formas, peixes-calça, peixes-sapato e um lindo e grande feioso peixe-lençol.
Mais a frente na rua em que descemos na subida íngreme está um senhor careca com seus lindos cabelos longos sendo esvoaçados pelo forte vento da brisa marinha do lago ao lado.
Em sua bicicleta sem rodas o velocista corria vagarosamente para alcançar o carro parado na esquina da curva onde o atropelamento da formiga causava alvoroço acalmando os transeuntes parados que passavam alegremente calçados com suas luvas, pois o frio daquela noite estava muito quente.
Um grupo de pessoas nuas caminhava parada com as mãos nos bolsos observando um bando de cotias que piavam empoleiradas nos fios dos árvores.
E no letreiro luminosamente apagado da estação de rádio lia-se “Hoje o filme: A volta dos que não foram. Não perca.”
É com estas memórias esquecidas que este louco se despede da morte que passou pela vida renascida gritando aos cinco cantos do mundo redondamente quadrado: “Prefiro morrer mil vezes a perder esta vida”
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